quinta-feira, 31 de julho de 2025
Vereda Grande: operação do MPRN combate esquema de lavagem de dinheiro para organização criminosa
O Ministério Público do Rio Grande do
Norte (MPRN) deflagrou nesta quinta-feira (31) a operação Vereda Grande. A ação
visa desarticular um esquema de lavagem de dinheiro para uma organização
criminosa com atuação no Estado. Foram cumpridos oito mandados de busca e
apreensão nas cidades potiguares de Natal e Assu, e ainda em São Paulo (SP).
A investigação apura a integração de suspeitos à organização criminosa
Sindicato do Crime e a prática de lavagem de dinheiro. O grupo utilizava contas
bancárias de interpostas pessoas, os chamados “laranjas”, para movimentar e
ocultar valores obtidos com atividades ilícitas, principalmente o tráfico de
drogas. A análise dos dados bancários revelou transações financeiras
milionárias incompatíveis com a capacidade econômica dos investigados.
A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do
MPRN busca atingir o núcleo financeiro da organização criminosa, enfraquecendo
sua capacidade de financiar atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e a compra
de armas.
O MPRN iniciou a apuração para desmantelar o braço financeiro da organização
criminosa, buscando cessar a dissimulação de ativos provenientes das atividades
do grupo. A investigação constatou que os suspeitos não possuíam renda lícita
ou apresentavam rendimentos formais muito baixos que não justificavam as altas
quantias movimentadas em suas contas, o que levantou fortes indícios da prática
de lavagem de dinheiro para a organização criminosa.
A operação Vereda Grande é um
desdobramento da operação Sentinela, também do MPRN, que investigava a atuação
de uma mulher, já denunciada por integrar a mesma facção criminosa. Foi a
partir de um Relatório de Informações Patrimoniais produzido na Sentinela que
se descobriu uma transação suspeita entre ela e um investigado na operação
Vereda Grande, no valor de mais de R$ 300 mil em apenas dois meses, dando
origem à nova apuração.
As investigações apontam que a conta
bancária desse homem era uma das principais no esquema, sendo utilizada por
terceiros para as atividades da organização criminosa. Familiares dele também
são investigados por envolvimento, pois compartilhavam o mesmo e-mail e
endereço de cadastro e realizaram diversas transações suspeitas. Outras pessoas
também são investigadas e foram alvos dos mandados.
A desproporção financeira dos
investigados ficou evidente nos autos. O homem apontado como cabeça desse
esquema, que já teve passagem pelo sistema prisional e não possui fonte de
renda lícita registrada, movimentou mais de R$ 1,1 milhão entre janeiro de 2022
e fevereiro de 2024. No mesmo período, uma outra investigada, com renda
declarada de aproximadamente R$ 1.600, transacionou um total superior a R$ 1,3
milhão. Outros investigados também eram beneficiários de programas sociais do
Governo Federal, como o Auxílio Emergencial e o Bolsa Família.
A ação contou com o apoio da Polícia
Militar potiguar e do Ministério Público e das Polícia Civil de São Paulo. O
cumprimento dos mandados da Operação Vereda Grande contou com a participação de
dois promotores de Justiça do MPRN, 11 servidores do MPRN e o apoio de 20
policiais militares do Rio Grande do Norte.
Foram apreendidos dinheiro,
equipamentos eletrônicos, cartões de crédito e documentos. O material
apreendido será a analisado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco)com o objetivo de aprofundar as provas sobre o esquema de lavagem
de capitais, identificar outros possíveis integrantes do grupo criminoso e
delimitar a responsabilidade de cada investigado.


