sexta-feira, fevereiro 21, 2025
Ministro Dino manda governo apurar regularidade de emendas para eventos
O ministro Flávio Dino, do Supremo
Tribunal Federal (STF), ordenou nesta quinta-feira (20) a intimação do governo
federal para que passe um pente-fino na execução de “emendas Pix” direcionadas
por parlamentares ao setor de eventos.
Ao mencionar as emendas Pix, Dino se
refere às emendas de transferência especial, que não possuem finalidade
definida previamente e são transferidas diretamente para algum Estado e
município indicado por algum parlamentar. Desde 2019, tais emendas individuais
são impositivas, ou seja, de liberação obrigatória pelo governo federal.
Decisão
Dino ordenou
que seja verificado se as emendas para eventos foram transferidas para contas
específicas ou genéricas. O ministro também mandou o governo informar se o
dinheiro pode ser rastreado até o beneficiário final, bem como se o evento
contemplado foi inserido no Programa Emergencial para Retomada do Setor de
Eventos (Perse).
O levantamento completo deve ser
enviado ao Supremo pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI), pelo
Ministério da Fazenda (MF) e o Ministério do Turismo (MTur), por intermédio da
Advocacia-Geral da União (AGU), determinou Dino.
O Perse
Foi criado no contexto da
pandemia de covid-19, que paralisou o setor de eventos. Por meio do programa,
foram concedidas isenções fiscais para as empresas do ramo. Após o fim da
emergência sanitária, entretanto, o governo precisou entrar em disputa com o
Congresso para descontinuar o programa.
Em meio ao embate, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, chegou a levantar suspeitas a respeito de empresas de
outros setores que teriam sido beneficiadas indevidamente pelo Perse. Em
seguida, a Receita Federal passou a produzir relatórios sobre o programa e
disse ter identificado mais de 2 mil empresas irregulares.
Saúde
A mira de Dino se volta ao setor de
eventos após o ministro ter determinado o bloqueio de ao menos R$ 2,5 bilhões
em emendas destinadas à Saúde, segundo dados do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal. A quantia corresponde a recursos que eram repassados a
estados e municípios na modalidade chamada “fundo a fundo”, em transferência
para contas genéricas.
Nesta sexta, Dino frisou a decisão do
Supremo que obriga a abertura de contas específicas, com a identificação do
beneficiário final dos recursos federais, para que os recursos de emendas Pix
sejam liberados. Ele observou, contudo, que poucos gestores regularizaram a
situação.
A maior parte do dinheiro segue
bloqueada diante do “insuficiente índice de cumprimento da decisão judicial
pelos gestores locais, na medida em que não regularizam as contas bancárias
específicas”.