Prefeitos potiguares vão ao STF contra piso dos professores
A
discussão sobre implantação do piso dos professores segue movimentada entre os
gestores do Rio Grande do Norte, realidade destacada no jornal Tribuna do Norte. Enquanto os profissionais decretaram greve na
educação estadual, alguns prefeitos estão se organizando para acionar o Supremo
Tribunal Federal (STF) contra a medida tomada pelo Ministério da Educação. A
Confederação Nacional dos Municípios (CNM) já se manifestou contrariamente à
medida e a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) confirmou a
movimentação por parte de gestores para tentar na Justiça reverterem a
determinação de implantação do novo valor.
O
aumento de 14,95% anunciada pelo ministro Camilo Santana, no entendimento da
CNM, não tem embasamento legal. A instituição que representa os municípios
brasileiros já havia se manifestado em janeiro, pouco após a decisão do Governo
Federal, apontando para um custo estimado de aproximadamente R$ 19,4 bilhões
para os municípios implantarem os novos valores. A CNM aponta que há um vácuo
legislativo que coloca em risco a segurança jurídica de aplicação do reajuste
do piso, pois se baseia em critérios que remetem à Lei 11.494/2007, do antigo
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb), revogada pela Lei 14.113/2020, de
regulamentação do novo Fundeb.
De
acordo com o presidente da Femurn, Luciano Santos, o tema será discutido hoje,
em Brasília, junto a diversos prefeitos do Brasil. Porém, o prefeito de Lagoa
Nova já informou que há uma movimentação de gestores no Rio Grande do Norte que
está cogitando acionar a Justiça para garantirem que não serão
responsabilizados em caso de descumprimento da definição do MEC. “Alguns
prefeitos estão se mobilizando para buscar uma tutela antecipada para proteção,
tendo em vista que o anúncio não tem embasamento legal e já há outras decisões
favoráveis no país”, disse Luciano Santos, que não adiantou quais são os
municípios que estão tratando sobre isso e se a própria Femurn vai ingressar
com uma ação.
Modelo
O
prefeito de Ceará-Mirim, Júlio César Câmara (PSD), acredita que a forma como
está posta a implantação do piso dos professores penaliza os municípios. Para
ele, é preciso que ocorra a compensação por parte da União e uma boa
alternativa seria copiar o modelo existente para o pagamento do piso aos
agentes de saúde.
“Essa
questão dos pisos é justa demais para os servidores, mas o Governo Federal tem
de discutir de outra maneira. Nós temos que cumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), que não permite que nenhum município gaste acima de 51% das
receitas líquidas com a folha de pessoal. A gente estava abaixo, mas quando a
gente começou a implantar o reajuste de 33% dos professores, que a gente
conseguiu implantar 27% até o ano passado, o percentual gasto com pessoal subiu
para 65%. O piso dos agentes de saúde nos parece que é o modelo perfeito: o
Governo Federal repassa o dinheiro, mas o salário dos agentes de saúde não é
contabilizado para efeito de cálculo do limite prudencial”, sugeriu o prefeito.
O
detalhe
Alguns
munícipio do RN já assumiram pagar o novo piso do magistério, contrariando posições
de boa parte dos executivos potiguares.
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