MPF denuncia mais uma fraude em revalidação de diploma de medicina identificada pela UFRN
Falsa
médica utilizou suposto diploma de universidade boliviana; outros casos
semelhantes são investigados.
O
Ministério Público Federal (MPF) denunciou Valdeane Magalhães Carvalho pelo uso
de documentos falsos perante a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Sindicância da universidade indicou que ela apresentou diploma de
medicina falsificado, supostamente emitido pela instituição boliviana
Universidad Tecnica Privada Cosmos (UNITEPC), para obter a revalidação no
Brasil. Universidades brasileiras e inquéritos policiais têm identificado
fraudes semelhantes envolvendo diplomas de medicina.
Com
base na sindicância da UFRN e inquérito policial, o MPF constatou que Valdeane
praticou o crime por quatro vezes: em 2010, no início do processo, quando apresentou
o diploma falso; por mais duas vezes, ao se utilizar da validação fraudulenta
para requerer registro junto aos Conselhos Regionais de Medicina de Pernambuco
(2012) e Maranhão (data incerta) e em 2019, ao juntar ao processo mais um
documento falso, que supostamente atestava a validade do diploma.
O
MPF destaca, ainda, que a Comissão Permanente de Revalidação de Diploma Médico
– CPRDM da UFRN solicitou prova teórica para a revalidação, em que a ré foi
reprovada em 2010. De fato, de 40 questões em cada área da prova, ela acertou
apenas nove de Clínica Médica; 10 de Clínica Cirúrgica; 18 de Saúde Coletiva;
15 de Pediatria/Puericultura e 17 de Ginecologia/Obstetrícia. Conforme
permitido no procedimento de revalidação, a falsa médica fez estudos complementares
e obteve o reconhecimento do diploma no Brasil.
Como
o crime foi praticado por quatro vezes, em concurso material, as penas de dois
a seis anos de reclusão, e multa, podem ser somadas, chegando a até 23 anos. A
Ação Penal tramita na 14ª Vara da Justiça Federal no RN sob o nº
0806205-84.2022.4.05.8400.
Falsos médicos
O MPF alerta que há suspeita de um esquema de falsificação de diplomas a partir de universidades bolivianas, dentre elas a UNITEPC, com a investigação de casos semelhantes e contemporâneos.
A UFRN decidiu investigar vários diplomas revalidados na instituição na mesma
época, chegando à conclusão de que 14 deles eram falsos, todos supostamente
emitidos pela UNITEPC. Esses casos deram origem a inquéritos policiais e, como
resultado, várias condutas já foram judicializadas. Em maio deste ano, um outro falso médico foi denunciado pelo MPF, com caso
semelhante. No Rio Grande do Norte, 11 procedimentos ativos no MPF tratam de
suspeitas de fraude em revalidação de diplomas de medicina da UNITEPC, em
diferentes estágios de andamento.
As
investigações policiais demonstram que a UFRN não é a única instituição de
ensino vítima de fraudes envolvendo instituições da Bolívia. Pelo menos outros
41 supostos graduados teriam fraudado diplomas de medicina supostamente
emitidos por universidades bolivianas.
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