quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Câmara preserva mandato de Zambelli e suspende Glauber Braga: duas decisões que expõem os humores da política em Brasília
A noite de quarta-feira (10) e a
madrugada desta quinta-feira (11) escancararam, mais uma vez, como a balança
política da Câmara dos Deputados opera quando o assunto é punir os próprios
pares. Em duas votações marcadas por discursos inflamados, articulações
silenciosas e cálculos eleitorais, o plenário tomou caminhos bem distintos.
Zambelli mantém o mandato, mesmo presa
na Itália
Por 227 votos a favor da cassação e
170 contra — insuficientes para atingir os 257 necessários —, a Câmara decidiu manter
o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Mesmo presa na Itália desde julho, após fugir do Brasil e ser condenada
a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do CNJ e por porte
ilegal de arma, Zambelli segue como deputada federal.
O caso havia sido analisado pela CCJ,
onde o relatório que pedia arquivamento foi derrotado. Em seguida, um segundo
parecer, defendendo a cassação por “necessidade político-administrativa”, foi
aprovado. Ainda assim, no plenário, prevaleceu a blindagem política.
O resultado
Zambelli permanece com o cargo, embora
não consiga pisar na Câmara, nem votar, nem atuar em comissões. Um
mandato que, na prática, existe apenas no papel — e que depende agora das mãos
do Judiciário e de acordos políticos futuros.
Glauber Braga é suspenso por seis
meses
Horas antes, o mesmo plenário havia
decidido suspender o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses.
A votação foi mais ampla: 318 votos a 141.
O motivo: a briga de Glauber com um
integrante do MBL dentro do Congresso. O caso rendeu representação por quebra
de decoro.
O PSOL conseguiu retirar do texto a possibilidade de cassação — que tornaria o
deputado inelegível por oito anos —, mas não evitou a punição.
Glauber afirmou ter reagido após ouvir
ofensas dirigidas à sua mãe, o que não impediu a abertura do processo
disciplinar.
O contraste que fala por si
Duas decisões, duas narrativas, dois
pesos e duas medidas.
Enquanto um deputado é afastado por um tumulto, uma deputada condenada,
foragida e presa fora do país mantém o mandato por falta de votos suficientes.
Quer dizer: A Câmara falou — e o
recado político ficou claro.

