quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Cadu diz que próximo governador do RN terá de enfrentar rombo fiscal inevitável e rebate “crescimento de 40%” na folha

 


O secretário estadual da Fazenda e pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo Xavier, deixou claro que o próximo chefe do Executivo encontrará um Estado pressionado por um rombo fiscal que já não cabe mais debaixo do tapete. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Natal, Cadu afirmou que a pauta fiscal será inevitável em 2026, independentemente de quem vencer a eleição. “A pauta fiscal vai estar na agenda do próximo governo, não tem como”, alertou.

A fala veio no mesmo dia em que a Comissão de Finanças da Assembleia aprovou o Orçamento 2026, que prevê um déficit de R$ 1,54 bilhão. Para o secretário, parte das interpretações sobre os números foi distorcida. Ele explicou que o rombo não é exatamente novidade: a Previdência segue sendo o maior dreno das contas públicas, responsável por cerca de R$ 1,1 bilhão do déficit. Além disso, restos a pagar de 2025 devem fechar perto de R$ 1,5 bilhão, pressionando ainda mais o caixa do próximo governo.

Cadu também rechaçou a narrativa de que a folha salarial do Estado deve saltar 40% no próximo ano. Segundo ele, o crescimento previsto gira entre 7% e 8%, impulsionado pelo reajuste anual baseado no IPCA, negociações com categorias específicas e os reajustes já garantidos para áreas como segurança e saúde. O piso do magistério, que será definido em janeiro, pode acrescentar entre 3% e 4,5%.

O secretário voltou a apontar o piso dos professores como um dos fatores de maior impacto recente nas despesas de pessoal. Ele lembrou que, em 2022, o reajuste nacional foi de 33% e, em 2023, de 15% — percentuais muito acima da média histórica. Com cerca de 40 mil profissionais na ativa e aposentados, o efeito sobre a folha do RN foi imediato e pesado.

Com isso, o debate fiscal deixa de ser um tema técnico para se transformar em peça central da corrida eleitoral. Os números projetam um Estado que já entra em 2026 no limite da capacidade financeira, obrigando todos os pré-candidatos a explicarem, de forma objetiva, como pretendem administrar déficits sucessivos, um rombo previdenciário crescente e uma folha cada vez mais pressionada. Em outras palavras, quem assumir o governo não herdará apenas a caneta — herdará também a conta.