quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Programa de proteção salva 2.300 mulheres no RN; feminicídios crescem entre quem não aciona a rede

 


O Rio Grande do Norte encerra 2025 com um dado que chama atenção: nenhuma das mais de 2.300 mulheres acompanhadas pela Patrulha Maria da Penha foi vítima de feminicídio. A informação é da secretária estadual das Mulheres, Júlia Arruda, que atribui o resultado à força da rede de proteção — algo que, segundo ela, comprova que política pública bem estruturada salva vidas.

Enquanto isso, o Estado vive um cenário inverso fora da rede: as vítimas de feminicídio registradas este ano não tinham acionado qualquer mecanismo de proteção. O contraste reforça um ponto central trazido por Júlia Arruda: romper o silêncio e acionar o sistema é decisivo para garantir a sobrevivência.

A expansão da Patrulha Maria da Penha também pesa nesse balanço. Em 2020, era apenas um polo. Hoje são 18 polos cobrindo todos os 167 municípios, o que aumenta a capilaridade, agiliza respostas diante de descumprimento de medidas protetivas e amplia a vigilância sobre agressores. Em março, o Estado deve incorporar mais policiais, permitindo reforço do efetivo e nova expansão da patrulha.

Mas a rede funciona bem em um ambiente que piora: até novembro, o RN soma 21 feminicídios, superando todo o ano de 2024 (19). As tentativas de feminicídio também cresceram de forma alarmante: alta de 71,8% entre 2023 e 2024.

O contraste é evidente: onde há presença do Estado, há proteção; onde falta, a violência avança. Isso escancara o tamanho do desafio — e a urgência de trazer mais mulheres para dentro da rede antes que se tornem estatística.