segunda-feira, 6 de outubro de 2025
Rafael, o trabalhador que sonhava com dias melhores, virou mais uma vítima da guerra que o Brasil finge não ver
Que notícia triste para nós, norte-rio-grandenses. É duro noticiar a morte de um conterrâneo que, como tantos outros, deixou sua cidade natal acreditando que em outro estado encontraria mais oportunidades, segurança e dignidade.
Rafael Gomes, de 38 anos, trabalhava na limpeza do Mercado de Duque de Caxias,
no Rio de Janeiro, quando foi atingido por um disparo no peito. O tiro veio
durante um confronto entre traficantes — supostamente ligados ao Comando
Vermelho — e a Polícia Militar. Ele morreu fazendo o que milhões de brasileiros
fazem todos os dias: trabalhar honestamente.
O prefeito de Duque de Caxias, Netinho
Reis, decretou luto oficial de três dias e custeou o translado do corpo para
Areia Branca, no Rio Grande do Norte, onde Rafael será velado e sepultado pela
família.
Mas é preciso ir além da nota oficial e do luto protocolar.
Até quando trabalhadores como Rafael vão continuar morrendo no fogo cruzado da violência urbana, fruto direto do abandono do Estado e da falência das políticas públicas?
Até quando o brasileiro vai precisar sair de sua terra, arriscar a vida em
outra, apenas para garantir o pão de cada dia?
Rafael não é estatística. É símbolo de um país que mata seus sonhos antes mesmo de realizá-los.
Enquanto as autoridades trocam discursos, o povo segue enterrando os seus — e o
Brasil continua naturalizando o inaceitável.


