segunda-feira, 6 de outubro de 2025

“Alto dos Ventos”: promessa bilionária ou mais um vendaval de promessas?

 


A região salineira volta a ser palco de grandes expectativas com o anúncio do projeto “Alto dos Ventos”, um investimento estimado em R$ 13 bilhões que pretende transformar a economia regional. O empreendimento, que abrange os municípios de Macau, Guamaré e Pendências, Porto do Mangue, Galinhos surge como uma das maiores iniciativas de energia renovável já anunciadas no Rio Grande do Norte.

Segundo os investidores, o projeto promete gerar milhares de empregos diretos e indiretos, movimentar a economia local e consolidar o Estado como potência na transição para uma matriz energética limpa. É, sem dúvida, um discurso bonito — cheio de ventos de esperança e sustentabilidade.

Mas será que esses ventos soprarão, de fato, na direção do povo potiguar e, principalmente, da região salineira?

Nos últimos anos, o Rio Grande do Norte virou vitrine da energia eólica e solar, mas os lucros reais raramente permanecem por aqui. A promessa de desenvolvimento muitas vezes termina na geração de empregos temporários e no uso intensivo do nosso território, sem o retorno proporcional em infraestrutura, royalties locais ou qualidade de vida para as comunidades.

E é impossível não lembrar de Macau e região, que ainda carregam a frustração de um sonho que evaporou como o sal de suas salinas: o da fábrica de barrilha, a tão sonhada  esperada ALCANORTE. Um projeto que prometia industrialização, empregos estáveis e novos tempos para o Vale do Açu, mas que sumiu pelo ralo, deixando apenas o gosto amargo das promessas não cumpridas.

Agora, com o “Alto dos Ventos”, o discurso volta a soprar forte. Mas o povo da região salineira já aprendeu — com suor e decepção — que não se alimenta de vento. O verdadeiro progresso não se mede por cifras bilionárias em anúncios de imprensa, e sim por resultados concretos: escolas melhores, estradas decentes, empregos duradouros e respeito ambiental.

Celebrar o investimento é justo, mas questionar é necessário.
Porque o que a região salineira  precisa não é só de energia limpa — é de esperanças limpas de ilusões e sustentadas em compromissos reais.