Apagão de professores escancara crise na educação pública; 8 em 10 educadores sofreram agressão no ambiente escolar

 


O Ministério da Educação e o Inep destaca em estudo que o Brasil enfrenta a maior taxa de desistência de professores da década, com o risco de, em apenas 15 anos, não ter profissionais suficientes para lecionar na educação básica .


Segundo o Censo da Educação Superior de 2022, 58% dos alunos de licenciatura, destinados à formação docente, abandonaram a universidade antes de receber o diploma.


Outro levantamento importante, do Instituto Semesp, indica que, em 2040, faltarão 235 mil docentes nas escolas do país. Segundo a pesquisa, 8 em cada 10 professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.


O apagão de professores é consequência de uma série de problemas da educação pública, entre eles a baixa remuneração dos docentes, carga horária excessiva, precariedade das escolas e violência no ambiente de trabalho. Diante desses graves problemas, as medidas do recém-lançado “Mais professores” buscam aumentar o interesse pela carreira docente:


– Prova Nacional Docente para seleção de novos professores
– Pé-de-meia Licenciaturas com bolsas de R$ 1.050 para estudantes em cursos presenciais
– Bolsa Mais Professores com auxílio de R$ 2.100 para docentes em áreas carentes
– Ações de valorização e qualificação


Baixa remuneração e carga horária excessiva


Em 2024, o MEC reajustou o piso salarial dos professores da educação básica em 3,62%, fixando em R$ 4.580,57 para 40 horas semanais. Levantamento do Todos pela Educação aponta que os professores de escolas públicas ganham menos do que a média das demais profissões com ensino superior no Brasil. Segundo relatório da Education at a Glance, de 2024, o salário inicial dos docentes brasileiros é 47% inferior à média dos países da OCDE.


Os professores das redes municipais e estaduais do Brasil trabalham até 60 horas semanais, segundo o estudo “Volume de trabalho dos professores dos anos finais do ensino fundamental”, realizado pelo Itaú Social, Associação D3e e Fundação Carlos Chagas. O relatório destaca que professores brasileiros que trabalham durante mais de 50 horas semanais tendem a faltar no trabalho por causa de problemas de saúde.


Pesquisa da Unifesp analisou 397 professores de escolas públicas e privadas no Brasil e revelou que 32,75% docentes apresentaram sinais de burnout, o que equivale a um em cada três. Síndrome de burnout, estresse e depressão são as principais causas de afastamento dos profissionais da sala de aula, superando distúrbios vocais e osteomusculares.


Precariedade e violência nas escolas


Cerca de 25% das escolas públicas de ensino médio no Brasil estão com infraestrutura precária, segundo o Ministério da Educação. Fiscalização de tribunais de Contas, em 2023, constatou que 57% das salas de aulas visitadas no país são inadequadas como local de estudo.


Problemas detectados: janelas, ventiladores e móveis quebrados; iluminação e ventilação insuficientes; infiltrações e paredes mofadas, falhas na limpeza e higienização e falta de coleta de esgoto e de lixo.


Em 2023, 8 em 10 educadores sofreram agressão no ambiente escolar, um aumento de 20% em relação a 2022, de acordo com Pesquisa da Nova Escola e do Instituto Ame Sua Mente. A violência verbal foi a mais frequente (76,1%), seguida da psicológica e moral (41,5%); 6 em cada 10 professores temem pela própria integridade física.

 


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