Água e auxílio emergencial levam esperança a município de Ipanguaçu
Ipanguaçu,
no semiárido nordestino, é uma dessas cidades em que os sepultamentos são
anunciados com carro de som na principal via da cidade, dando o nome da pessoa
que morreu, o apelido carinhoso com que era conhecido e o horário
exato em que o corpo será enterrado no cemitério municipal.
Na simpática cidade da região do Vale do Assú, no Rio Grande do Norte, sob sol escaldante e temperatura acima de 35 graus (destoando totalmente do momento atual no restante do país), muitos agricultores vão para o centrinho vender sua produção. É o caso de Gideão Bezerra, que vende coentro. “Aqui é agricultura familiar. Lá na propriedade de meu pai se produz coentro, feijão, milho e manga”.
Ipanguaçu
receberá hoje (21) a visita do presidente Jair Bolsonaro. A cidade tem 15.464
habitantes, sendo que 5.631 recebem o auxílio emergencial – ou seja, 40%
da população. Só neste pequeno município, o governo federal já injetou R$ 10,84
milhões em auxílio, ajudando a economia local. “Ajuda muito, as pessoas
precisam. Foi abençoado”, diz a auxiliar de serviços gerais Damiana Oliveira,
que trabalha no Mercado Municipal.
Conhecida com a Capital Nacional da Banana, a produção de frutas é o carro-forte de Ipanguaçu. No entanto, muitas famílias do semiárido convivem com a falta de água para manter suas roças e os animais. Uma notícia, porém, vem chamando a atenção dos moradores: o projeto que fizeram de um poço profundo. “Eu vi nas redes sociais, conta “Galego”, conhecido vendedor de frangos da Avenida Luiz Gonzaga.
Na
área rural do município, depois de passar pelas comunidades de Capivara e
Língua da Vaca, a pequena Comunidade de Angélica, com 231 habitantes, viu um
poço ser perfurado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),
órgão do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Com
143 metros de profundidade, ele atinge o lençol freático e consegue dar vazão
de 30 a 40 mil litros de água por hora. Isso é 30 vezes mais do que a população
da localidade precisa.
Primeiro
fizemos a limpeza do poço, depois fizemos a análise da qualidade da água, se é
para uso doméstico, para os animais ou se é potável. Fizemos cinco poços
nesta cidade. Esse foi o que teve melhor vazão”, diz o coordenador regional do
Dnocs, José Eduardo Vanderlei.
Há
várias cisternas nas comunidades rurais. De 15 em 15 dias, um carro-pipa vem
enchê-las. Fora isso, só a água da chuva, mas no semiárido as águas pluviais
não são tão frequentes assim.
O
poço que existia estava desmantelado, aí era só carro-pipa. Agora não! Vão
instalar o encanamento. Temos que agradecer a Deus por ter chegado
esse poço. É o que a gente queria muito”, conta o agricultor Francisco de Castro,
que planta feijão, melancia e jerimum, e tem oito crianças em casa.
Sua
vizinha, Joana Darc, está confiante. Ela cria ovelhas, cabras e, “às vezes,
cria galinha também”. Sua preocupação era com os animais. “Seis meses sem água!
Os bichos querendo água e não tinha”, lembra.
Feliz
porque “vai acabar o sufoco” com o poço perfurado bem em frente à sua casa de
pau-a-pique, dona Joana também conseguiu o auxílio emergencial do governo
federal. “Ajudou muito. Resolveu muita coisa”, afirmou.
Nesta sexta-feira
(21), o poço vai jorrar pela primeira vez. Pergunto se posso beber um copo
d´água na casa de adobe. “Amanhã tem água, tem almoço, o que você precisar”,
prometeu a esperançosa Joana.
No
semiárido nordestino, longe da correria das grandes capitais, ter direito ao
auxílio emergencial e acesso à água já são motivos suficientes para que o ano
de 2020 – marcado pela pandemia do novo coronavírus – seja um dos melhores dos
últimos tempos.
Fonte: Agência
Brasil
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