Prefeitos resistem à ideia de ceder parte do ICMS dos municípios ao Proedi
Mais
de uma centena de prefeitos amanheceram nesta terça-feira, 24, na porta da
Governadoria, no Centro Administrativo, para protestar contra o decreto que
criou o Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do
Norte (Proedi), de 29 de julho último. O decreto concede isenção de impostos de
até 95% para empresas que se instalarem ou se mantenham no RN.
O
Proedi foi criado para substituir o antigo Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Industrial do RN (Proadi) e embutido no programa “RN+ Competitivo”, que reúne
várias iniciativas para estimular a retomada do crescimento econômico do
Estado, e, como a primeira fatura já chegou, os prefeitos reagiram
imediatamente.
Como
o novo programa amplia a porcentagem de abatimento do ICMS para empresas instaladas
no RN de 75% para até 95%, o Estado passou a usar também parte dos 25% do
imposto reservados para os municípios para criar um instrumento de atração de
novas empresas para o RN.
“O
problema é que faltou combinar com a gente”, disse Ludmila Amorim, prefeita de
Rafael Godeiro, com 3.100 habitantes, que contava com o dinheiro do ICMS para
pagar a conta de luz da prefeitura e outras despesas, como internet e serviços
de contabilidade.
Na
semana passada, durante encontro com o presidente da Federação dos Municípios
do RN (Femurn), José Leonardo Cassimiro, o Naldinho, prefeito de São Paulo do
Potengi, a governadora Fátima Bezerra pediu 30 dias para entender melhor o
impacto para os municípios do “novo Proadi”.
Comunicados
disso pelo WhatsApp, muitos prefeitos não concordaram e o resultado foi uma
caravana de carros tomando todas as vagas do estacionamento da Governadoria às
8 horas de ontem.
Depois
de tirarem fotos diante da entrada de vidro da Governadoria, eles lotaram o
auditório no piso superior e lá aguardaram por duas horas enquanto uma comissão
negociava com a governadora, o secretário de Tributação, Carlos Eduardo Xavier,
o secretário de Planejamento, Aldemir Freire, e o secretário extraordinário
para Gestão de Projetos e Metas, Fernando Mineiro. O encontro foi todo ele a
portas fechadas.
No
final, o titular da Tributação, Carlos Eduardo Xavier, comunicou oficialmente o
pedido do Estado para que os prefeitos aguardassem até o próximo dia 11 de
outubro para um novo encontro com a governadora. “Precisamos entender o impacto
do Proedi sobre as contas dos municípios, mas não pretendemos revogar ou voltar
atrás de nada”, assegurou.
O
secretário lembrou, ainda, que, em 2012, o antigo Proadi gerava 45 mil
empregos. Este ano, o número ficou reduzido a apenas 23 mil. “Perdemos mais de
20 mil empregos. Por isso, fizemos a nova modelagem, que deixa o RN em
igualdade de condições com os demais estados”, acrescentou.
O
secretário do Planejamento, Aldemir Freire, mostrou que a formatação do antigo
Proadi era um modelo falido e que só existia no Rio Grande do Norte. “O Proadi
gerava a desindustrialização, a saída de empresas para outros estados. Agora,
com o Proedi, o nosso Estado se iguala aos demais e inova quando torna mais
vantajoso a empresa se instalar no interior”, reforçou.
Segundo
o presidente da Federação dos municípios do RN, José Leonardo Cassemiro, o
Naldinho, no entanto, as perdas para os municípios com o decreto de criação do
Proedi podem representar um dreno de R$ 60 a 80 milhões por ano aos municípios
potiguares.
Mas
o secretário Carlos Eduardo Xavier, de Tributação, comentou que é cedo para
fazer projeções.
Durante
o encontro com a governadora, os prefeitos externaram a inquietação de ficar
sem parte dos recursos de ICMS que os ajudavam a pagar as contas. O próprio
prefeito de Natal, Álvaro Dias, disse que a capital poderia ficar sem R$ 20
milhões por ano, o que prejudicaria programas importantes do Município.
Mais
cedo, o presidente da Femurn entrou no encontro convicto de que a redução de
parte dos 25% de ICMS destinado às prefeituras, por ser decreto da governadora,
seria inconstitucional e, portanto, passível de judicialização. Mas o
secretário de Tributação rebateu também essa possibilidade, afirmando que
incentivos como os destinados recentemente ao querosene de aviação (QAV) e o
sal marinho também se deram via decretos.
Ainda
segundo Carlos Eduardo Xavier, o impacto sobre o ICMS dos municípios não será
de 25%, mas de alguma coisa entre 6% a 7%. Explicou que o ICMS das empresas do
Proadi é arrecadado sempre no dia 15 de cada mês e que o impacto do novo
programa se deu na terceira parcela, repassada na semana passada. “As outras
parcelas não têm efeito nenhum sobre essa. Então, o impacto é sempre posterior
ao pagamento do dia 15”, explicou.
Por
fim, acrescentou que entende a preocupação dos prefeitos, “mas o governo
estudou o programa e só está equalizando os benefícios aos demais setores”.
Agora RN
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